Ser glorioso é diferente de ser vitorioso. Vitória remete a triunfar sobre outro, ter sucesso a partir da falha do oponente e, na maioria das vezes, se regozijar com isso. Glória tem um conceito bem mais etéreo, significa obter honra e também celebridade através de obras, virtudes e talentos.
Sem dúvida, o time da Chapecoense é GLORIOSO. Um grupo modesto, com sonhos grandiosos, mas com atitudes sóbrias. Com uma folha salarial comedida, protagonizou um paradoxo no futebol brasileiro: apesar dos recursos financeiros singelos, vinha numa linha ascendente, figurando na tabela acima de grandes times com muito mais capital para investir.
A trajetória da Chape também poderia servir de exemplo para a atual crise econômica e ética pela qual passa o país. O time enfrentou, no início dos anos 2000, um revés financeiro, mas conseguiu superá-lo com trabalho de equipe e fé em suas possibilidades.
De qualquer forma, a catarse que sentimos com a tragédia nos mostrou algo importante. Podemos ser uma comunidade quando queremos, (in)felizmente só buscamos essa grandeza em momentos trágicos. Isso ficou claro com a manifestação mundial de apoio, dentro e fora dos campos; a atitude fair play do Club Atlético Nacional, sugerindo que o título fique com a Chape; a oferta de ajuda dos outros times brasileiros...
“Da Série D para a Série A em cinco anos para nunca mais sair.” Esse é o lema da Chapecoense. E eles conseguiram. Entraram para a Série A da história. Os gregos diziam que os guerreiros não iam para o descanso eterno junto às pessoas comuns, mas para os Campos Elísios, onde os homens virtuosos repousam dignamente. Essa alegoria tem a ver com memória coletiva. Os guerreiros da Chapecoense estarão na lembrança de todos como aqueles que em vida obtiveram uma das maiores vitórias que guerreiros podem ter: o respeito pelos seus grandes feitos, até mesmo de seus rivais.
Por tudo isso e por promoverem em nós a imagem –mesmo que momentaneamente– do tipo de humanidade que devemos almejar, a alcunha que melhor define a Chape é GLORIOSO.
FORÇA CHAPE!