Promover a integração social, reforçar os valores da cidadania e levar segurança aos cidadãos, priorizando seu bem-estar. Esses são alguns dos objetivos básicos do Policiamento Comunitário, um conceito que vem se expandindo em todo o país, especialmente em Goiás, envolvendo diversos órgãos de segurança e a sociedade civil.
Com o intuito de levar adiante essa filosofia, a Polícia Militar na cidade de Mineiros, no sudoeste goiano, por meio da 7ª Companhia Independente da Polícia Militar, iniciou o projeto “Venha Caminhar com a Polícia Militar”. A ideia, a princípio, era proporcionar aos cidadãos de terceira idade que pudessem se integrar à comunidade por meio da prática de atividades físicas. Segundo a coordenadora do projeto, tenente Regiane Alves de Souza, a proposta inicial envolvia apenas idosos por essa parcela da população estar geralmente relegada a segundo plano no convívio social, além de estarem mais suscetíveis a se tornarem vítimas da criminalidade.
O projeto cresceu tanto, porém, que hoje pessoas de todas as idades participam, e cada vez mais profissionais de todas as áreas buscam a iniciativa no intuito de apoiá-la. Entre os envolvidos estão as secretarias municipais de Juventude, Desporto e Lazer e de Saúde, a própria Polícia Militar, entidades privadas e a Superintendência Municipal de Transportes (SMT), que se responsabiliza por interditar a área onde ocorrem as atividades para proporcionar maior segurança aos praticantes.
O local escolhido para abrigar as atividades foi o Lago Canto do Cerrado, um ponto que era reconhecido por sua beleza, mas que por muito tempo ficou subutilizado. “A região do lago tinha um índice de criminalidade muito grande. A própria prefeitura não cuidava mais”, explica a tenente Regiane. “E como a filosofia da polícia comunitária é levar o Estado onde há criminalidade, pensamos que levar o projeto para lá seria uma boa ideia para que a população pudesse voltar a frequentar o local.”
Assim, desde setembro do ano passado, quando o “Venha Caminhar com a Polícia Militar” teve início, quase 200 atletas amadores e diversos profissionais e universitários – de áreas como educação Física, Psicopedagogia, Enfermagem e Medicina --, além dos próprios militares que coordenam o projeto, se reúnem todas as segundas, quartas e sextas-feiras para comungar e se exercitar.
Além de terem à disposição total assistência médica no local, uma viatura da PM sempre acompanha o trajeto, oferecendo segurança aos envolvidos. Os benefícios para a saúde não são os únicos incentivos para que os participantes continuem frequentando o projeto. Regiane conta que a experiência ajudou a formar um vínculo muito forte entre os participantes. “Eles já se veem quase que como uma família. Se preocupam um com o outro”, diz.
Geralmente, os dias de atividades começam com exercícios aeróbicos, especialmente dança, que fazem a alegria do pessoal da terceira idade. Em seguida, tem início a caminhada, respeitando o ritmo de cada um dos envolvidos.
A turma é dividida em grupos de iniciantes, intermediários e avançados. Há aqueles que preferem não correr, e sim apenas caminhar ao lado dos amigos enquanto colocam as conversas em dia. Já outros seguem mais a linha de atletas, tendo, inclusive, recebido condecorações em competições.
Foi em uma das edições Caminhada e Corrida 5 km BRF em Mineiros a primeira oportunidade de muito dos participantes de se envolverem em um grande evento esportivo. Vários deles receberam medalhas, sendo que alguns também receberam troféus e outros prêmios.
E com resultados como esses, e outros mais sutis, como o reforço na qualidade de vida, na saúde e no convívio social de todos os envolvidos, não é surpresa que a Polícia Militar esteja interessada em levar o projeto para outras regiões do Estado. No final do ano passado, por exemplo, foi realizado um simpósio na Academia de Polícia Militar onde foram apresentados projetos de Polícia Comunitária. Diversas autoridades estiveram presentes e fizeram questão de elogiar e esclarecer dúvidas a respeito do Venha Caminhar com a Polícia Militar, revelando a intenção de expandi-lo para outros municípios.
Percebendo a importância e a seriedade do projeto, o Instituto Lato Sensu iniciou uma parceria oferecendo apoio logístico. A priori, serão distribuídas camisetas a todos os envolvidos, mas há planos para que o suporte se estenda à entrega de squeezes, halteres e outros materiais que venham a auxiliá-los nas práticas esportivas.