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Assim como muitas das tradições de nossa sociedade, a Páscoa também bebe de muitas fontes culturais antigas. Repleta de simbolismos, ela carrega em seu cerne, em todas as culturas nas quais se baseia, o ideal de renovação e renascimento.

As raízes da Páscoa remontam a festejos de povos pagãos na Idade Média que celebravam a deusa da primavera, Ostera ou Esther. (A palavra para Páscoa em inglês é Easter, originária do nome da divindade.) A celebração ocorria na data do equinócio da primavera, que no Hemisfério Norte ocorre em 20 ou 21 de março e marca o fim do inverno.

A cultura judaica também tinha sua versão da Páscoa, o “Peschad” ou “Pesach”– que significa “passagem”. Trata-se de uma comemoração à libertação do povo de Isarel do Egito na história narrada no livro do Êxodo, na Bíblia.

A festa, porém, recebeu maior simbolismo no Ocidente quando foi adotada pelo cristianismo com um significado levemente diferentes das demais. Nessa tradição, a Páscoa passou a representar a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, que teria acontecido na época do Pesach.

Assim, a celebração cristã incorporou diversos elementos das culturas que a antecederam, como, por exemplo, o coelho, símbolo da fertilidade e que estava diretamente associado à deusa Ostera, sendo sempre visto junto a ela em representações antigas. Da mesma forma, o ovo também é outro ícone repleto de simbologias que remetem a tempos ancestrais. 

Em culturas diversas, o ovo, tal qual o coelho, sempre foi o símbolo do nascimento e do renascimento. Trata-se de uma representação do ciclo da vida. Servia de metáfora também, em muitas civilizações, para o surgimento do universo. O chamado “ovo cósmico” teria sido o início do nosso mundo para gregos, celtas, fenícios, chineses e indianos, entre outros.

Com toda essa carga simbólica, não é de se estranhar que a chegada da primavera era comemorada, durante a Idade Média, com a decoração de ovos, que eram pintados com cores fortes representando a energia solar. O costume de presentear com ovos, porém, é ainda mais antigo, tendo origem em povos que habitavam o Mediterrâneo, o Leste Europeu e o Oriente muito antes desse período. A tradição ganhou contornos reais quando o próprio rei Eduardo I, da Inglaterra, passou a banhar ovos em ouro e presenteá-los a amigos e aliados durante o século X.

Outro símbolo cristão que pode ser remetido às tradições pascoais é a cruz, que carrega em si a representação do sofrimento e da ressurreição de Cristo. No entanto, quando a cruz foi adotada como representação oficial do cristianismo, após o Concílio de Nicea, em 325 d.C., ela passou a ter uma conotação maior e quase exclusiva para os católicos.

O chocolate entra nessa história a partir do século 16. O alimento, oriundo do cacau (que por sua vez é originário da América Central), sempre foi tido como sagrado por maias e astecas. Com a chegada dos europeus, a iguaria logo se difundiu pelo velho continente, tendo sua circulação, a princípio, restrista a governantes e soldados.

Já a tradição de se perfurar ovos, retirar seu conteúdo e injetar chocolate no lugar não possui lastro histórico definido. Sabe-se apenas que os ovos de páscoa como o conhecemos começaram a surgir no comércio a partir do século 19 pelas mãos de culinaristas franceses e se tornaram o aspecto principal da festividade como a conhecemos hoje na maior parte das culturas ocidentais.

Independente de nominações religiosas, crenças ou descrenças, a Páscoa, além de uma excelente oportunidade para saborear muito chocolate sem nenhuma culpa, é um momento de comunhão com aqueles que são caros para nós, e também é um importante período de reflexão. Afinal, é uma data que se baseia em reinvenção e renascimento. É a hora oportuna de repensarmos os medos e hábitos que nos fazem mal em busca de nos tornarmos as pessoas que desejamos ser.